Gustavo & Thais

quinta-feira, agosto 07, 2003
 
"Verbete não encontrado"
Aliás, pensei que tivesse escrito o termo errado. Tinha certeza de que havia escrito o termo errado. Deveria ser empreendedorismo, correto?
NÃO!! Não está correto, simplesmente porque a palavra não existe. Pelo menos no Michaelis e no Novo Aurélio século XXI, os únicos ao meu alcance no momento.
(No local não deve ter um dicionário pra eu conferir, mas Tamara, checa pra mim por favor se vc vir este post ainda na EFE).
Enfim, empreendedorismo ou coisa que o valha não é nem palavra, apenas technês de empresa. Portanto não deve ser ensinado nas escolas, porque de início é um nada verbal. Ou seja, não é um significante e muito menos tem um significado.
Podem argumentar que é um neologismo e que tem um significado sim. E posso aceitar esta argumentação. Mas não aceito imaginar crianças tão cedo em contato com um ideário (ou disciplina) tão eminentemente empresarial. Nada além disso.

quarta-feira, agosto 06, 2003
 
Frase escutada em uma conversa INFORMAL no meu novo local de trabalho
"Eu acho que empreendorismo deveria ser ensinado na escola".
Precisa dizer mais??


segunda-feira, agosto 04, 2003
 
Há de se encontrar qualquer razão nos horizontes de Saramago. Um dia acordaremos todos cegos. Nesse dia entenderemos o amor. Os nossos olhos tão vívidos e bem equipados ficam cada vez mais distraídos e despreocupados. Dá muito trabalho olhar o próximo, melhor esperar a imagem ser impressa num jornal, ser reproduzida pelo olho da tevê ou brotar diante de nossa insônia num site internético. E vocês, ainda acreditam em amor à primeira vista? Só para saber, ainda acreditam no amor?

No horizonte do nobre escritor luso, como que por de repente, as pessoas começam a perder a visão, só lhes restando diante de seus olhos as lembranças e um mar branco onde deveriam resgatar seus sentidos. O branco, todos sabemos (ou ao menos deveríamos saber) é resultado do somatório de todas as cores. Quem tem alguma intimidade com o ato de fotografar sabe muito bem: quanto mais luz a lente recebe, mais clara sairá a foto e entrando luz em excesso, o registro sairá branco, sairá luz apenas. Saramago, cego, escreveu o Ensaio Sobre A Cegueira que atualmente tem sido a minha leitura, talvez para nos abrir os olhos antes que seja tarde demais.

Diante de tantas luzes, tantas imagens, tantas cores em profusão acabamos por nos habituar ao excesso. Não estamos enxergando melhor, apenas estamos enxergando demais. Coisas demais. Estamos olhando em excesso, cansando nossas pupilas e perdendo nosso foco. Tudo precisa ser visto, todas as cores, todos os cheiros, todos os nomes. Fechar os olhos no meio da rua chega a dar pânico, mesmo ler algo que exija um pouco mais de atenção chega a ser constrangedor. As imagens pululam a nossa frente e exigem o seu décimo de segundo de fama.

Então, com esse olhar novo que não pára e repara, como acreditar no amor à primeira vista? Como amar? Não há tempo para a atenção, só há tempo para mais porque o tempo em si já não basta. No desespero pelo nosso olhar, o diálogo, a palavra e a imaginação se vêem acachapados por imagens absolutas, rápidas, definitivas. Se não há tempo para detalhes, como teremos tempo para pensar? Como teremos tempo para amar?

Portanto, repito. Um dia acordaremos todos cegos. Nesse dia entenderemos o amor. Com os olhos exauridos de tanta cor, iremos nos focar na tonalidade que nos interessa, que nos faz bem. Mas já será tarde demais para enxergarmos o amor, será tarde demais para enxergar quaisquer outras coisas. No desespero do excesso de luzes a nos cegar, as memórias que nos restarão (restarão?) terão de preencher a visão faltosa, e então entenderemos o amor. Porque só o amor conseguirá perdurar diante do excesso. O que não é amor, meus amigos, já é coisa demais.

Talvez cegos e amantes, ainda possamos nos salvar das trevas pelo tato e pelas palavras. E finalmente iremos crer no amor à primeira vista.