Gustavo & Thais

sexta-feira, abril 04, 2003
 
R$3.40 ou A Arte de Empatar a Foda Alheia

Não, não é um relato pessoal. Não, não vou dizer de quem se trata. Recebi num e-mail duma das 23 listas de internet da qual faço parte e estou publicando, sem a autorização do protagonista porque me daria trabalho demais e já é mais de uma da matina. Como nenhum nome é citado na história toda, foldasse.

"1- Curitiba, Julho de 2000

Não me lembro exatamente, mas a faculdade estava de greve e o estágio
inclusive. Na semana seguinte
eu iria para Salvador pro N Design e resolvi aproveitar e visitar o Sul mais
uma vez antes disso. Fui pra
casa de uma amigona minha e acabei ficando com uma amiga dela ("mei
patricinha cow-girl", vejam so)
Vale lembrar que esse foi um inverno rigoroso em Curitiba e eu conheci a
amena temperatura de ZERO
grau ao MEIO DIA.

Bem, em uma das noites eu tinha planejado ir ao show do Nightwish porque a
banda de abertura era do
namorado dessa minha amiga e eu sei que ela queria que eu fosse la ver. Mas
a guria, que eu vou chamar
de Curitibana para preservar sua identidade (heheh) não queria ir de jeito
algum em um show de heavy
metal. Então beleza, falei que não precisavamos ir, já que só estaria indo
por causa da minha amiga, que
eu nem gostava da banda mesmo. Ela acabou se convencendo de ir mas ao chegar
la ela não reagiu bem
as pessoas no estacionamento e mais uma vez disse que poderiamos fazer outra
coisa. Saimos de la.

Ela queria me levar para um bar onde as amigas dela iriam, mas acabou me
mostrando varios points noturnos
de Curitiba, inclusive os lugares country heheh. Não entramos e ela resolveu
parar o carro numa "lanchonete"
onde vc faz o pedido no carro, o famigerado Verde Batel. Vejam bem que a
intençao de parar la foi DELA.

O cara veio até o carro e pedimos duas cervejas. O cara trouxe as latas e
não deu mais sinal de vida.( até
q o carro fica isolado entre paredes de plantas altissimas) Deitamos os
bancos do carro e ficamos la,
conversando, mao beijos, mão aqui, mão acolá. Resolvi apimentar a
brincadeira. Ela disse que não, que ali
não era lugar pra isso (apesar das businas dos outros carros, entre outras
coisas, denunciarem o contrário).
Falei para irmos para um outro lugar, mais tranquilo e confortavel, onde
poderiamos fazer as coisas com mais
tranquilidade. Ela disse que Motel em Curitiba é muito caro. Eu falei que
iria pagar e ela insistiu que não.
Essa parte da história só entra porque eu acho que algums vezes 'não'
significa "me pede mais que me dá tesão".

Bem, depois de algum tempo aconteceu. O carro balançando, a gente sem ver o
que acontecia la fora, já que
os vidros já estavam embaçados. Os dois semi-nus, dando um jeito de se
divertir dentro de um carro apertado
e do nada alguém da uns toquinhos na janela. Susto geral, eu me "levanto",
visto a calça em um segundo, ela se
cobre e eu abro a janela. Dou de cara com o garçom

"Senhor, estamos avisando que estamos fechando o caixa. A sua conta é de
R$3,40"

"FILHO DA PUTA", pensei. Peguei minha carteira e dei uma nota de cinco pro
maluco. Fui logo fechando a janela.

"Senhor, seu troco....'

"Fica com ele"

"Ah, senhor. Não precisa ter pressa, vcs podem ficar no estacionamento ainda
por mais meia hora, mas depois disso a
gente fecha o portão ta? "

Posso com isso ? Pior foi me virar para a guria e ela estar paralizada, já
totalmente vestida no final do papo. Ela achou
que pudesse ser o pai dela, que ainda achava que ela era virgem...."



quinta-feira, abril 03, 2003
 
Nada demais. Só os prazeres de fim de semana mesmo (mas que de vez em quando são fooodas)
Finalmente um registro sobre a noite de sexta-feira. Maratona minha que me dispus a ir pra Maratona do Odeon, pra depois partir pra Bunker e voltar pro Odeon.
Consegui ver o filme novo do Paul Thomas Anderson (Magnolia e Boogie Nights) e chegar à quase finada casa noturna logo depois das minhas colegas de trabalho/ECO e outros dois colegas só de trabalho. Músicas surpreendentemente boas, e revivi aquelas noites em que ficava na pista direto, por mais de duas horas, brincando. Não esperava ouvir uma sessão retrô-farofa anos 90. Pura divesão, ha ha ha.
Depois ainda encontrei meu querido Phillip meio pra lá de Bagdá no Odeon e completamente fofo. Saímos de lá com as outras pessoas já de manhã, depois de um chocolate quente meio mixuruca, mas que na hora caiu bem.

Vou lançar uma campanha.
MONOGRAFIA: SERÁ QUE AGORA VAI?

quarta-feira, abril 02, 2003
 
Ah, você quer saber da guerra? Eu também, e posso te ajudar um pouco.

CNN de cu é rola!

domingo, março 30, 2003
 
A Guerra de Bush

Não sou jornalista, não moro no Iraque, não moro nos EUA, não tenho parentes ou amigos envolvidos no conflito. Sou apenas mais um cidadão que acompanha o desenrolar do conflito através das notícias que me chegam pela mídia, e faço questão de construir uma posição crítica diante da realidade que se impõe à minha vista. Sou contrário ao posicionamento belicista norte-americano até porque, por princípio, sou contra o posicionamento belicista de qualquer um. Tenho a minha crença de que homens e mulheres são dotados da capacidade do diálogo e da compreensão do próximo, e não deveriam de modo algum recorrer à técnica primata de convencimento pela dor.

O nosso Grande Irmão continua dando continuidade à sina de mandar suas crianças matarem pessoas e lembranças das quais elas ignoram maiores detalhes em terras distantes por motivos obscuros. Desta feita, suas crianças foram enviadas ao Iraque, país do qual eu sei que fica no Oriente Médio, mais precisamente no Golfo Pérsico, possui sob os seus pés uma valorosa reserva petrolífera, tem, como Cuba, um presidente eleito por uma esmagadora maioria de votos válidos (ainda que a validade desses votos possa ser contestada) e tomou parte em algumas situações de confrontamento bélico durante a História Contemporânea, bem como os Estados Unidos da América.

O Estado-Maior dos EUA tentou se justificar perante o mundo para invadir militarmente o Iraque. Segundo a ótica deles, o presidente do Iraque, Saddam Hussein, representa uma ameaça ao restante da humanidade pois teria intenção de patrocinar as organizaçães terroristas islâmicas sempre dispostas a destruir vidas e símbolos norte-americanos com vaporosas armas químicas. Tais armas químicas nunca foram encontradas fora do discurso guerreiro dos americanos, e até onde sei, quem conserva em seu país um arsenal químico são eles mesmos, os mocinhos, e uma quase epidemia de vírus Antraz não me deixa mentir.O Primeiro-Ministro bretão comprou a idéia e forneceu apoio militar aos americanos, mesmo que a ONU, grande parte da opinião pública mundial e até membros do seu ministério não apoiem a ofensiva ianque.

O presidente americano, George Bush como o pai, jura de pés juntos que sua ação militar nada tem a ver com as reservas de petróleo iraquianas. Ele vem tentando dar às suas ofensivas militares contra estrangeiros a mesma justificativa de libertação e purificação religiosa do outro tal qual as Cruzadas, ainda que a Santa Madre Igreja não aprove as suas ações. Segundo ele, o pool de empresas petrolíferas que apoiaram a sua candidatura não estão influenciando na programação atual da CNN.

Acontece que entre George Bush pronunciar uma verdade e o restante do mundo crer nesta verdade há uma bela distância. E as falas de Bush tentando justificar o ataque nunca soaram límpidas para os olhos do mundo. E a verdade sempre tem um som diferente (ouvi isso num filme). Para muita gente, antes de explicar o que ele deseja fazer no Iraque, Bush deveria explicar o que ele está fazendo na presidência de seu país, uma vez que sua eleição democrática teria usado de alguns artifícios de golpe, tais como contagem fraudulenta de votos. Após a sua eleição, veio à tona enormes falências de empresas que patrocinaram sua campanha à presidência, sem maiores investigações conclusivas sobre o fato.

Mas o foco aqui é a guerra de Bush. E dela só recebemos informações das grandes redes de jornalismo ocidentais (Reuters, CNN, BBC) e pouco sabemos como pensa o lado de lá., de quem está sob a vigília do bombardeio cirúrgico, de quem precisa dormir sob a mão invisível da América. A cobertura da rede árabe de televisão Al Jazeera vem ganhando algum destaque (sempre com o aviso de que é a voz de Saddam, informação parcial) e aos poucos pela internet a gente vai pesquisando outras fontes. Recentemente descobri um blog iraquiano (!) [http://dear_raed.blogspot.com] e um outro blog, brasileiro, [http://www.aljazeera.blogger.com.br] e outras fontes hão de surgir, basta pesquisar. O que se comentava na grande mídia antes do ataque aliado era a supremacia covarde da armada anglo-saxã, recomendando aos iraquianos que não pegassem em armas, que eles deveriam aceitar passivamente como poodles adestrados que um povo estrangeiro com crenças, língua e hábitos completamente estranhos a eles adentrasse em sua morada e se tornasse senhor, deixando a eles o papel de servo. No caso de resistência, o preparo físico-intelectual dos John Does somado à alta tecnologia de destruição de seus armamentos simplesmente ocasionaria um massacre, pois que as defesas iraquianas nem de longe se mostravam páreo ante o invasor.

Não parece que esta vem a ser a realidade, quem diria. Os garotos de ouro andam passando maus bocados no Golfo, enfrentando desertos e a ira de uma população oprimida pelos senhores da guerra há séculos. Aviões e helicópteros vão sendo abatidos, mesmo que a “cobertura oficial” do confronto não se disponha a ver seus garotos fracassando. Bush, Blair e Rumsfeld, as grandes vedetes da mídia, começam a ter que admitir publicamente que o Iraque irá oferecer resistência e que talvez eles estejam à beira de um conflito longo e desgastante. Outro Vietnam? Imagine o pânico das mães norte-americanas ao ver seus filhos caminhando a uma terra desconhecida morrer por motivos muito mal esclarecidos. Imagine o ânimo desses garotos ao perceber da pior forma que toda a conversa de superioridade numérica/intelctual/técnica não resolve muita coisa se uma bala lhes atravessar o peito.

Até a própria estratégia da invasão vem sendo posta em xeque. A possibilidade de adentrar em Bagdá para uma guerra de guerrilha aterroriza os invasores. As esquinas traçoeiras de Bagdá acabariam por tornar o conflito mais longo, e obviamente, mais sangrento (e, falando a linguagem que nossos senhores entendem, mais caro). A possibilidade de simplesmente destruir a capital iraquiana com mísseis e bombardeios aéreos seria pessimamente recebida pela opinião pública internacional, desgastando os governos Bush e Blair, que precisam de votos para se manter no poder (bem, nem tanto). E, enquanto isso, Saddam simplesmente desapareceu. Como as armas químicas iraquianas (o motivo disso tudo, incluindo esse longo texto) o senhor de bigodes é um mistério.
Como Bush irá terminar com esta guerra? Esta é a grande questão. Diante do aparente mato sem cachorro em que resolveu se enfiar fica no ar a dúvida do que ele fará não conseguindo destituir, como o pai, Saddam do poder. Sair pela tangente, como fez no Afeganistão? Ou sair varrido, como fizeram no Vietnam? Osama Bin Laden continua solto em algum canto do globo, a despeito do enorme esforço de guerra que os EUA mobilizaram à sua caça.

A verdadeira guerra de Bush, ao que me parece, é contra a verdade. Há algo na verdade sobre o que move os interesses do atual governo norte-americano que o filho pródigo tenta camuflar o tempo todo sob cinzas e fuligem. George deveria saber que os trabalhadores do mundo após a sua jornada diária enriquecendo seus patrões só desejam voltar para casa e encontrar um pouco de paz. Talvez a América também precise, assim como o Iraque e muita gente, de um pouco de paz para encontrar as suas verdades.

Leandro Godinho Rocha, 25, é estudante de Publicidade e Propaganda na ECO/UFRJ.