Gustavo & Thais |
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Mais Um Blog Besta que Ainda Vai Servir Pra Alguma Coisa Os Caras-Palidas que se cuidem...
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sábado, março 29, 2003
quarta-feira, março 26, 2003
Como o tempo passa? Não atualizo o blog, também não recomeço a monografia, não toco mais bateria, vejo e trabalho com os acontecimentos da guerra, leio sobre ela na Carta Capital e no jornal. Tenho saído demais? Namorado demais? Não sei o que e passa. Quero a minha nerdice e pressão acadêmicas de volta!!!! Fim dos tempos Programa imbecil na MTV, cuja maioria dos espectadores é imbecil, com escolha entre versões originais e covers de músicas. Então David Bowie perde pra Nirvana, Madonna perde pra Kelly manufactured Osbourne e Euryrhytmics perde pra Marilyn Manson. Depois do fechamento da Abil Music, torço pro fechamento da MTV Brasil. Se tivesse mais paciência pra internet, poderia até começar uma campanha, com aqueles sites "eu odeio..." Atualização sobre a não atualização Já comentei com meus dois dos meus quatro leitores que escrevo mais quando estou mal. Podem ver várias atualzações diárias e semanais quando este blog foi crialdo, no primeiro semestre de 2002.- Aliás, sério mesmo, aproveitem que não há atualizações e leiam o que foi escrito antes. se quiserem deixem até comentários em agosto, julho de 2002. - Naquele tempo o teor era mais frenético e sufocante do que nos últimos meses. Tive uns três encontros desagradáveis e não planejados com o meu passado nestes meses, mas nada que me fizesse despejar irritação e mágoa em palavras, nem na internet, nem no HD nem no papel. Aos poucos meus vínculos com a Ecargh vão se modificando. E aliás fico feliz por isso, pois pensei que com o tempo elas fossem fenecer mesmo, definitivamente. Não vou pra rave!!!! Amanhã é a comemoração do niver do meu companheiro de blorght, e vou compensar minha falta no ano passado por motivos imorais. Aproveitar pra conhecer o Nova Capela, finalmente. E parar de ficar na Lapa eternamente em pé. Muito bom lá, muito curioso e tal, mas em pé ouvindo cover do Baia & Rock Boys é foda. Tenho que arranjar minha camisa KILL ALL THE HIPPIES logo. terça-feira, março 25, 2003
Ao pôr os pés na rua eu já era um senhor de vinte e cinco anos na cara. Ao menos eu não estava bêbado e conseguia me dar conta disso podendo andar em linha reta. Todo o meu corpo fedia a cigarro e fracassos, meus tênis estavam imundos e eram usados no firme propósito de pisar nas poças do caminho. Agora você já é um homem, rapaz, vê se toma tento na cabeça. Ao meu lado, calada e quase muda, caminhava entre os pingos duma chuva fraquita de nada a minha solidão, meio enciumada que eu havia passado a noite em meio a tanta gente, por que gastar meu tempo trocando bobagem com bocas ordinárias quando ela havia me inspirado poemas, canções, ensaios fotográficos e declarações de amor? Ela gostava de mim quase despido, despenteado e preguiçoso lendo ou escrevendo ou vendo filmes soft-porns madrugada adentro, deitado na cama e não querendo ou não conseguindo dormir, ouvindo música esporrenta num volume baixíssimo para não acordar o condomínio durante minhas elucubrações. Só tolerava companhias virtuais, pois que a solidão não resiste à radiação quase magnética da tela do computador ou à possibilidade de ouvir a boa música americana sempre disposta a ser pirateada nos rincões da rede. A censura era visível em cada passo dela ao meu lado. Eu tinha que ter celebrado minhas bodas de prata com ela. Eu jamais seria perdoado por tamanha desfaçatez, ela ficaria um bom tempo me evitando, colocaria meu nome na boca do sapo, rogaria mandingas, pragas e cruzes-credos, não iria mais me ligar nem querer curtir um cineminha comigo. Mesmo que estivesse cansado demais para qualquer reflexão digna de nota, fiquei preocupado. E se ela resolvesse me largar para sempre? Como eu ficaria? Dependente de boates, bares, bocas e cervejas? E quando ninguém fizesse aniversário ou todos resolvessem viajar? E quando meu dinheiro secasse ou a velha preguiça resolvesse visitar o amigo, como explicar para ela que eu havia perdido a minha solidão? E agora eu era um homem feito, de barba na cara, faculdade prester a ser concluída, praticamente adentrado no mercado de trabalho. Aquilo que os mais incautos tomariam por um adulto; eu, caminhando na chuva falida daquele domingo nascente do vigésimo-quinto dia 23 de Março que minhas narinas respiravam, para tentar esquecer o cheiro de cigarro e fracassos que tomava conta de mim. E um homem precisa contar com a sua solidão sempre, senhoras e senhores, alguém que de fato respeite seu descanso, seus infortúnios, seus gozos, seus silêncios. Tentei então me lembrar de que maneira havia chegado até ali, talvez num esforço primal de fazer com que a minha solidão voltasse a se interessar pela minha companhia. Sabia que seria um esforço inútil, mas realmente não conseguia pensar em nada melhor para entreter o nosso tempo e desenganar a morte. E a quantidade de rostos e vozes que as lembranças traziam apenas fazia com que a solidão fosse diminuindo o passo e me deixando voltar completamente só para casa, para o meu aniversário, para os telefonemas de familiares e queridos, para um pouco de sono. Talvez tenha sido a ponta de sorriso que deixei escapar enquanto andava de bicicleta ladeira abaixo ou beijava Regina pela primeira vez ou descobria o cheiro de alecrim de Isabela ou dividia uma cerveja e uma canção com Carlos ou comemorava o penta do Mengão com Marcos ou enganava a filosofia com alguns Andrés, outros Vinícius, um Eduardo, uma Adriane e até um Márvio Rafael ou recebia um cafuné de Mila ou descobria Renata sorrindo para mim. Gabriela tinha medo de se declarar para mim, Wesley ficou seis meses sem cortar o cabelo, Massashigue foi para o Japão, Felipe estava prestes a se casar, o riff de Sweet Home Alabama era mais velho que todos nós, o E.T. nunca mais voltou para visitar o garoto e perdeu a melhor forma da Drew Barrymore. E é difícil um flamenguista não sorrir diante da imagem daquela bola impossível de Dejan Petkovic aos 43 do segundo tempo. Olhei para ela, mas ela havia me deixado comigo mesmo e minhas lembranças e desmemórias. Teria que subir a ladeira de casa contando somente com o meu passado. E com meus tênis imundos, e agora também molhados. |