Gustavo & Thais |
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sábado, março 15, 2003
Revirando os arquivos Este foi escrito em 23/01/2001 Dia 1 De Mim Há dois anos em um GNT Fashion com ciúmes e inveja, esta hora. Está quase amanhecendo. A melhor hora do dia. Hora das cores fortes no céu e da calma do que ainda não começou ou do que está prestes a acontecer. Agora tenho umas músicas novas. Sheryl Crow e um show do Neil Young na bagagem. Feliz , felicíssimo aniversário para mim então. Na hora da paz e quando tudo de melhor aconteceu há uma semana, estou aqui. No mesmo quarto do GNT Fashion, mas em um lugar distante das estrelas perto do céu. Distante da visão do Cristo, e do céu de 180 graus. Mas estive lá na última quinta e bem perto de Deus nos últimos dias. Graça e recompensa no meio de uma lama de sentimentos e entendimento da unanimidade dos festivais, da unanimidade da insensibilidade dos garotos. Então agora, após boa comida, tanto queijo e chocolate no meu corpo resistente, cheio de depressões, ansiedades de uma década e anti-depressivos para tudo isso, depois de tudo, volto a escrever sobre meu assunto preferido. Meu assunto querido, o assunto do coração e da cabeça ocupada por anos. Então é a hora da maior responsabilidade; escrever sobre tudo isso. Mas não é um dever. Foda-se. não é uma novela, não é uma obrigação. Nunca foi. É rock n roll, Hey Hey My My. Queen, A Night At Opera. Elton John, Border Song - e eu agradeço como na música; tenho uma oração então dentro de mim. Uma oração que não respeita os horários do corpo saudável. Os horários que tentam ocultar o meu cansaço total. Pernas, cabeça, o corpo todo chama pela cama. Mas nada disso é suficiente agora. Preciso de mim e da madrugada, somente. Depois disso, posso dormir. Hoje é dia 23 de janeiro pós Axl Rose. Não dava qualquer esperança a um momento como aquele e tenho certeza que minha outra alma estava lá. Talvez Ela tenha me ajudado. Não há nada que supere minha vida. Não há nada que supere meus anos de consciência. Meus anos de ação e degradação. Ano de espera e de tudo o mais. A compreensão para os outros talvez esteja nas minhas folhas. Na minha letra desesperada no papel. Nos registros das madrugadas, quando é sempre impossível dormir. Quando não é desejado dormir. E as angústias por isso. Eu estava fiando maluca.....Ha ha ha. Só posso rir disso agora. Estava mesmo, graças a Deus. Tudo me conduziu até aqui. Pedir por mais?? Isso é sempre possível, sou um ser humano - ambição. A música entra na veia e descarrega toneladas de sensações, toneladas de tudo o que preciso. É o momento em que me sinto mais completa. Nada se compara a isso. O encontro com os acordes, as palavras dos homens e mulheres que transitam no meu ouvido e no meu quarto. Então se o fim viesse agora, lamentaria por quem lamento sempre, mas a garantia de uma felicidade, essa sim suprema rapaz, estaria certa. E nada mais teria sido necessário. Somente uma boa noite de sono após os melhores sonhos e 2 dias de realidade espetacular que tive em minha vida. sexta-feira, março 14, 2003
Highway to Hell O AC/DC é a banda em que todo garoto gostaria de estar. Qualquer um de nós entende porque gosta de rock ao primeiro acorde de um bom riff de guitarra do Angus Young. É impossível resistir, é dificílimo não se ver empunhando aquela Gibson Standart de bermudas e terninho escolar cuspindo melodias demoníacas sobre o palco. O rock(ão) do AC/DC é primal, é farofão, mas, acima de tudo, é rock de verdade, feito para corroer os seus bons princípios e animar a sua festa. Tem a sujeira meio ébria e pervertida do blues e a chama herética do metal. Sem contar as inúmeras letras safas da banda; o refrão (no mínimo sugestivo) de “Let me put my love into you” (Deixe-me colocar meu amor dentro de você, hehe) termina nesta balada: “Let me put my love into you, babe/Let me cut your cake with my knife” (Deixe-me colocar meu amor dentro de você, querida/Deixe-me cortar o seu bolo com a minha faca). Qualquer garoto se diverte com essa filosofia barata de banheiro, não há como negar. É o grande barato do rock, chocar a sua avó, envergonhar seus pais e ganhar as meninas da rua. O AC/DC vivia para tanto. A banda apareceu entre 73 e 75, mas só foi estourar em 79, com o maravilhoso LP “Highway to Hell”. Após o “Highway” a banda apareceu com mais duas pérolas, o “Back in Black” e o crássico “For Those About To Rock”. Nesse intervalo de dois anos, eles se transformaram para muitos Na Banda. Eles tinham o som e a atitude, e era um puta som, vamos e convenhamos. Após o “Highway to Hell” (Estrada para o inferno), a banda emplacou discos de ouro nos EUA (grana) e na Europa (mais grana) e embarcou em turnês pelo mundo. O vocalista Bon Scott morreu gloriosamente afogado em seu próprio vômito em fevereiro de 1980, após uma noite de bebedeira. Silêncio, tristeza, expectativa. Iria a caminhada da banda australiana ser interrompido ali, tão cedo? Nada disso, eles arrumaram outro vocalista, Brian Johnson – motorista de caminhão e roadie deles! – e voltaram com “Back in Black” (Retorno em preto ou Volta em luto, é por aí). Noves fora o riffão de guitarra que introduz “Back in Black”, que por si só já valeria o disco e a glória, o disco mantinha o bom e velho roquenrou em sua dignidade. Mas eu queria falar sobre o “Highway to Hell”, garotada. Trata-se dum puta disco de rock, mas rock mesmo, sem tirar. As guitarras arranham nas caixas de som e comandam a festa toda. Da crueza de “Highway to Hell”, cantando sobre a vida em estrada e sobre como é estar numa banda de rock, ao bluesão “Night Prowler”, o disco é só alegria. Não tem parada errada, não tem concessões. E é um daqueles discos que vale a pena ter em vinil só pela capa. E a capa do “Highway to Hell” merece um parágrafo só para ela. Toda esta baboseira que tentei escrever nos parágrafos acima está melhor dita na fotografia da banda que dá rosto ao disco. A foto é uma perfeição. Os cinco cabeludos australianos te olhando e convidando você para embarcar junto com eles na estrada para o inferno. O cenário da foto é algo sujo, provavelmente quente. Em primeiro plano, os irmãos Young, Malcolm e Angus (guitarristas) e o falecido Bon Scott. Malcolm faz cara de quem passou a noite toda bebendo e está numa senhora ressaca. Bon é o único que sorri na foto, ao lado de Angus. Angus Young imortaliza a foto. Ele aparece em seu visual mais do que conhecido, e já na época marca registrada do grupo, de terninho escolar e boné. Mas não é só, ele também tem chifrinhos e sua mão direita segura a ponta de um rabo. No rosto de Angus, deboche e pavor para as mães que encontrassem o disco no quarto do filho. Bon ainda carrega no pescoço um colarzinho sutil onde figura uma estrela de cinco pontas. Ao fundo deles três, o baixista Cliff Williams e o batera Phil Rudd literalmente se esgueiram para sair na foto, que é um tratado sobre o rock enquanto rock. Está tudo ali, referências às drogas, noitadas e vida na estrada em cada olheira profunda daqueles rapazes. O escárnio com as pessoas adultas e sérias na risada trôpega de Bon Scott e no biquinho sacana de Angus Young. Os blues, o metal, e o que mais for contra a sua primeira comunhão nas citações óbvias ao Sete-Peles. Lógico que eu comprei o disco sem pestanejar. Pena que não o fiz quando tinha quinze anos, mas é difícil não se sentir um garoto diante do AC/DC. “No stop signs, speed limit, nobody's gonna slow me down Like a wheel, gonna spin it, nobody's gonna mess me around Hey Satan, payin' my dues, playin' in a rockin' band Hey Mumma, look at me, I'm on my way to the promised land I'm on the highway to hell” terça-feira, março 11, 2003
Pequena divagação sobre uma fotografia Tem algo dentro do sorriso dela que me deixa apaixonado sem quê nem porquê. Que não me deixa dormir, que deixa uma saudade com gosto de goiabada com queijo nos olhos, que me faz gastar tempo e palavras tentando explicar o que não entendo. O amor. Seria o amor aquelas sardinhas ou aquele piercing? Seria o amor aquele telefonema na madrugada ou aquele cafuné na televisão? Seria amor tudo isso? Seria? Seria o amor uma forma refinada e socialmente aceita da loucura? Seria o amor a única resposta possível? E por que nunca a conjugamos no tempo certo? Eu nunca tive nenhuma das respostas na ponta da língua. Sempre respondi no chute, porque algo cochichava no meu ouvido bom que a resposta era sim, é amor, seu bobão, melhor ser louco de amor do que ser morto de fome e trate logo de amar senão você nunca vai saber o verdadeiro gosto do seu próprio sorriso. Quando o sorriso do outro reflete a sua alma, ah, não existe nada melhor, não existe mais nada. E quando se ama, seja lá o que for amar, o mundo fica mais pleno. Mas aí, enquanto fico catando no mundo, nas enciclopédias, na Bíblia, no copo, na fumaça ou no Dischovery Channel a resposta certa, encontro as sardinhas, o piercing, o telefonema e o cafuné, e então conjugo, cheio de mim: amar, amo, amamos, amaremos, amei. Se ela chora ou se ela geme ou se ela dorme, eu conjugo. O verbo é atemporal e pessoal pra caralho, nada pode ser mais pessoal que amar. Eu amo, tu amas? Deixo o verbo e os dentes dela gastarem meus lábios me tatuar cicatrizes em meus poros menos verossímeis, me despertarem em minhas horas mais ímpares. Só que nenhuma sardinha, nenhum piercing, nenhum telefonema e nenhum cafuné me dá a resposta que procuro. Nem as respostas que desejo. E não sei conjugar o verbo, apenas recito porque acredito nele. Acredito nele, sim, pombas, e gosto dela. Beijos e mordidas e gemidos para passar o tempo e conjugar o verbo, porque não descobri como decifrá-lo. E uma saudade com gosto de goiabada com queijo em minhas pupilas cansadas do dia, que me faz gastar tempo e palavras tentando explicar o que não entendo. O amor. domingo, março 09, 2003
PEQUENO ENSAIO SOBRE A SAUDADE OU A RESSACA OU ALGO QUE EU DESCOBRIREI ENQUANTO ESCREVO Existem manhãs que não poderiam deixar de anoitecer. Elas adentram em nossos corpos tímidas e refrescam cada subterfúgio do sono e da preguiça com perfumes distantes do nosso travesseiro. Os olhos despertam tardios e os sons demoram a chegar e a sair em nós, ficamos como em suspenso num poema parnasiano com charme de cinema mudo. A primeira coisa que se percebe é um gosto estranho que inunda a garganta e transborda pelos lábios. Se for domingo, melhor ficar na cama aproveitando o momento. Essas manhãs costumam ser melhor aproveitadas e curtidas na individualidade de cada um. Na individualidade de cada nós. Na respiração pausada, naquela ereção incontinenti que acorda com cada homem ou menino, na fresta de sol que ousa escapar pela persiana falha, no corpo próximo que ainda ressona. Podemos ser mínimos então, nos conter ao que apenas interessa a nós, sem interessar a mais ninguém. Essas manhãs acabam por valer todo um dia, ou um mês, ou um ano, ou um amor. O resto do dia será apenas dia como todos os dias, não se iluda, ao acordarmos teremos algo ou alguém que depende de nossa boa vontade para acontecer, e, desde que o mundo é mundo, algo ou alguém sempre acontece durante o dia - querendo nós ou não. Engraçado me dar conta que a nossa vida continua seguindo em frente, independendo de nós. Morrer não significa terminar. Separar não significa esquecer. Um sorriso não significa alegria. |