Gustavo & Thais

quinta-feira, fevereiro 13, 2003
 
Mais um jabá. Dêem uma passada em Inventando Dogmas após se cansarem desta página, meus queridos.

 
Como assim, você não se depila?
Não gosto, oras, não quero e não me depilo. Posso?
Porra! O suvaco também?
Qual o problema, meu garoto? Por algum acaso você depila o seu?
Não, mas...
Viu?
Vi o quê? Eu sou homem, não me depilo, nunca me depilei.
E eu sou mulher e cansei de me depilar.
E eu achava você uma garota tão normal... bem que devia ter desconfiado das suas tendências hippies.
Ei! Você fuma da minha maconha, ouve os meus discos da Janis e agora eu tenho tendências hippies? Faça-me o favor, meu garoto!
Como eu nunca desconfiei? Você me parece tão normal, tão limpinha.
Olha, Leandro, você está me chamando de porca? Você não gostava de mim até saber que eu não me depilava?
Sei lá, eu gosto, mas é que é estranho... agora eu estou com medo de te ver de braços pro alto, sei lá...
Você não sabe nada, mesmo. Bobão! Tanãnãnãnãã.
Também não precisa judiar, Adriane. Ainda bem que hoje está meio frio e você está de casaco.
Quanto grilo, hein? O que tem de mais eu não gostar de depilar meu suvaco? Sabia que eu tinha um ex que não sabia se sentia mais tesão no meu suvaco ou na minha suvaca?
Puta que me pariu...
Hahahahaha!! Ele sim, me dava um banho. Não era fresco, que nem você.
Não é frescura, guria, é que eu nunca imaginei que você fosse peluda. É estranho agora imaginar você com cabelo embaixo do braço. Porra, e você é tão bonita, podia muito bem se cuidar.
Eu me cuido, querido. Tomo banho, me perfumo, me visto direitinho. Você não me acha bonita?
Ah, mas não adianta nada ficar toda aprumada e na hora da brincadeira o cara descobrir-se explorando um ramo obscuro da Mata Atlântica. É nojento. Puts, não gosto nem de pensar.
Meu Deus do céu! Você tem sérios problemas, meu garoto! Séééérios problemas! Nojo de mulher? Mas fique descansado por duas razões: depois deste papo, suas chances de me comer zeraram e eu também não sou besta, meus cabelinhos são todos bem cuidados e tosadinhos.
Ai, caralho, e mais essa agora...
Ah, vai ficar tristinho? Deixa de ser bobo, eu ainda gosto de você!
Quem disse que eu quero te levar daqui pra cama?
Seus olhos. Não saem de cima dos meus peitos.
(Mudez repentina, visível constrangimento, as mãos procuram qualquer distração.)
Ih! Emudeceu?
Agora você me deixou totalmente sem graça, Adriane. Me desculpa aí, vai.
Calma, garoto, mas você tem problemas, isso tem. Olha, eu não ligo de você me olhar, até gosto, e antes você que um idiota de academia qualquer. De você me levar pra cama, pelo menos te garanto que hoje você não vai conseguir. Você está muito inseguro. E o que tem demais eu não me depilar, hein? Sabia que depilação dói mais que chute no saco? É horrível.
É que eu sempre tive uma imagem de você meio romantizada, tenho essas neuras.
Hahahaha!!! Desculpa, Lê... imagem romantizada de mim foi demais. Deixa de ser bobo, menino. Sabia que as mulheres cagam e peidam?
Não é isso...
É sim. Você ficou me fantasiando, achando que eu era uma princesa, que eu seria uma espécie de personagem do José de Alencar, virginal. Eu sou Adriane, sou mulher, tenho pelos no corpo, muito orgulho deles, estou aqui neste bar dividindo essa cerveja contigo, botei esse decote de propósito e se você não me beijar agora, eu me levanto e não quero mais saber de você.

Pelo visto, Leandro continuaria a sem entender Adriane por um bom tempo. Mas ele não conseguiria entendê-la jamais, e deixou a conta paga na mesa após o beijo que tratou de enigmar cada vez mais aquela Adriane, que uma vez não decifrada, agora iria devorá-lo.