Gustavo & Thais |
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Mais Um Blog Besta que Ainda Vai Servir Pra Alguma Coisa Os Caras-Palidas que se cuidem...
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sábado, novembro 16, 2002
Bunker, o Retorno - parte "perdi as contas" São 8:47 da manhã de sábado. Tô aqui acordada fazendo uma horinha pra agilizar minha vida pós-perda de celular. Burocracias depois de uma noite foooooda. Mas fazer o quê? É o preço que se paga. Pelo menos pra pessoas como eu. Mas tudo vai dar certo. Já deu certo. As músicas foram certas no final de mais um retorno à Bunker. I can´t stand losing you, So young, End of the century, Sufraggette city, Army of me... Tudo assim juntinho, coladinho um no outro. Acho que acabei perdendo a porra do celular por colação em excesso, mas (agora vai um "mas" positivo) foi boooooommmmm. Só o mundo que resolveu me dar uma sacaneada agorinha no final pra mostrar que eu sou carente pra caralho, pois sinto falta do celular e já tô aqui providenciando outro. Ele também tentou dar uma sacaneada básica trazendo uma tonelada de referências de um passado do qual eu preciso me afastar. Mas (outro "mas" positivo, olha o progresso!!) consegui me virar e "minha pessoa" apareceu como uma espécie de salvador-prosaico-da-minha-noite-majestosa-medíocre. Novas penetrações Hoje vi uma mulher gozando por causa de um homem, que entrou literalmente inteiro, dentro da vagina dela. Está em Fale com Ela, do Almodovar. Cena genial, acho que nunca havia imaginado uma penetração do tipo. Já imaginei algum tipo de mergulho, também por inteiro, mas horizontalmente em direção à vagina. A sacada de imaginar um cara miniaturizado caminhando em direção à vagina e abrindo os grandes lábios como a cortina de um palco... Genial, genial... É uma puta cena e uma ode metafórica ao que pode haver de mais maravilhoso e extasiante em uma relação. quinta-feira, novembro 14, 2002
Chapação Pós-Programa de Índio Legal Bom, chega de não atualizar isso aqui porque eu não tenho tempo. Sim, eu gosto de atualizar isso aqui. E agora estou envolvida em livros sempre que chego em casa, e nenhuma linha sequer de monografia está escrita. É nonografia, então. Ha ha ha. Esta piada me parece engraçada agora às 4:30 da manhã. Engraçado é eu vir de uma festa de formatura do CAp, daquelas em casas no Alto da Boa Vista e tal, em uma quarta-feira medonha e chuvosa. Já estive em Xerém hoje. Já estive no Centro hoje. Já estive na Barra hoje. Já estive em Botafogo hoje. E sim, acabo minha noite aqui na Gávea. E não, não fui pra Jacarepaguá. Passei pela orla Leblon-Ipanema ouvindo Fast Car da Tracy Chapman. Me ocorreu aquele pensamento de difículdade. E ao mesmo tempo, olho pra foto em preto e branco que meu companheiro de blerght tirou da "minha pessoa", e vejo como as coisas estão indo tranqüilas. Claro que isso me dá medo, mas pretendo continuar com disponibilidade interna pra ler meus livros didáticos ou fazer excelentes programas de índio como o de hoje à noite. Em todo o caso, minhas lembranças e saudades se espalham por outros bairro, como o Jardim Botânico-Lagoa, e agora a Tijuca. Este lugar que eu sempre adorei ganhou mais um significado. Mais um significado bom. Pode ser escapismo, mas não tenho no momento nenhuma lembrança ruim do bairro, além da minha queimadura com a lâmpada. E digamos que não é exatamente uma lembrança, porque doeu tanto que deletei/desmaiei. Amanhã é feriado. Hoje quero continuar tranqüila. Hoje é véspera de feriado. É como se fosse sexta-feira e, UH-UH!! as sextas-feiras voltaram a ser sinônimo de descanso merecido e fun, fun, fun. Os Titãs é que sabiam... Preciso ser mais responsável em Jacarepaguá e na Urca. Estou sendo responsável demais com os outros, mas isso mais alimenta do que subtrai meu tempo. Quero que o tempo melhore pra ir a Grumari na sexta. Quero praia com os amigos. Ha ha ha.Como se eu pudesse isso. Como se eu tivesse capacidade pra armar isso. Quando há o lampejo, o tempo não colabora. O mesmo tempo da praia cinza de hoje à tarde. A praia mais bela, mais vazia. Ela preenche o que as aglomerações do fim de semana não dão conta. Não é necessariamente um conteúdo bom, apenas diferente do êxtase de um puta sábado de verão em Ipanema. Diferente da minha pele queimada. Como eu gosto da minha pele queimada. E como também é bom que eu apenas tenha PASSADO pela praia. Não tive tempo, nem como desviar a atenção para qualquer digressão naquele momento. São quase cinco da manhã e não vale mesmo a pena ganhar alguns minutos de sono. Eles não farão diferença para a minha chapação de cansaço amanhã. Já fui pra festa. Até dancei a única música que me disse algo no meio daquela baboseira pasteurizada que rolou na pista. Um trance farofa, de um disco farofa cuja resenha o Mikael me ajudou a fazer. Desde então lembro dele e do Lopes quando ouço aquela música. Lembro do Lopes dançando bonito na pista da Bunker, naquelas noites de sábado. De camisa de manga comprida e um cigarro na mão. Minha *sempre amiga Ana Lúcia* e o próprio Lopes vão ficar contentes daqui a alguns dias com a vinda do "Mika". Fico feliz por eles. quarta-feira, novembro 13, 2002
Já passavam das três horas da madrugada e Carlos olhava para o copo de uísque pela metade. McCartney reclamava a plenos pulmões que havia sido uma noitada dureza e que ele havia trabalhado feito um cão. Carlos tomou mais um gole do uísque, o gelo já havia dissolvido e foi um gole meio aguado. O uísque era uma merda, com ou sem gelo. Resolveu acender mais um cigarro e percebeu que seria o último da noite. Pediu fogo ao barman, não lembrava onde havia deixado seu isqueiro. Estava sentado ali havia umas duas horas ou mais, suportara duramente dois copos daquele péssimo uísque. Ao menos havia gente bonita, um barman simpático e boa música ambiente. A Beretta prateada descansava por baixo do casaco, caía uma chuva fininha lá fora. Carlos aguardava um homem marcado para morrer ante a mira de sua Beretta. Carlos ficou mais um tempo observando o rosto do homem numa fotografia 5x7, nada conseguia ver através dela, nenhum mistério, nenhum ar suspeito, apenas o rosto de um infeliz que havia sido marcado para morrer. Uma mulher procurou Carlos havia cerca de dois meses, por meio de figurões da sociedade, para encomendar o serviço. Ela não era ainda avançada em anos, tinha um porte seguro, sabia fumar e realçar o busto. Carlos fez seu preço, cerca de cinco mil reais, ela perguntou quando pagava. Combinaram meio a meio, metade dali a dois dias e a outra metade após a execução da fatura. Então ela deu a última tragada no cigarro e retirou da bolsa um pacote, dentro estava a Beretta reluzindo. Dois tiros no peito, ainda desejo revê-lo uma última vez no velório. Junto da Beretta havia a foto, um endereço e duas placas de carros anotados num pedaço de papel. Não quis revelar o nome do homem que teve sua morte comprada ali, num quarto de motel perto da praça Saens Peña. Haviam de ser casados, ou amantes, decerto. A mulher não quis revelar porque desejava a morte do sujeito. Não estava alterada, nem nervosa, nem aparentava temor. Manteve seu porte altivo e por mais de uma vez Carlos lamentou não ter aproveitado o quarto do motel barato para desancá-la do alto daquele pedestal de segurança, mas era um matador profissional, não um michê qualquer. Nos términos daquela terceira dose de uísque, o homem que Carlos aguardava adentrou no bar. Um pouco molhado pela chuva, estava sozinho, atendeu uma ligação no celular mal sentou-se numa mesa próxima a Carlos. Tinha olhos bem escuros e a pele bem branca, seus cabelos já começavam a rarear. Estava sendo seguido havia quase um mês e meio, quando Carlos observou seus trajetos diários, que incluiam o escritório de uma importadora de eletroeletrônicos no centro do Rio, a academia de ginástica perto de sua residência no Alto Leblon, onde residia também uma das amantes do sujeito. Não tinha filhos e a mulher também não passava muito tempo em casa. Pelo menos três vezes por semana visitava motéis em Copacabana com a outra amante, e por vezes garotas de programa. Encontrava-se quase diariamente com um grupo de amigos em botequins e bares vários, onde bebiam e gargalhavam durante ao menos uma hora e meia. Em geral, antes de ir para casa descansar, sentava-se sozinho num bar perto de casa onde tomava dois ou três chopes e pedia uma tigela de feijão amigo. Tirando as amantes (e Carlos duvidava que a esposa também não tivesse os seus), nada de suspeito rondava a existência daquele homem de gestos um tanto quanto espasmáticos que dormia bem pouco. Ouvia um tanto impaciente o interlocutor ao celular quando o garçom lhe serviu o primeiro chope e perguntou se ele iria querer a tijela de feijão. Diante da assertiva de seu alvo, Carlos pediu ao barman um chope. Na verdade, Carlos detestava a violência, tinha nojo de pensar que alguém pudesse matar pelo prazer de matar. Ocultava de todos o seu ofício de matador, que exercia com precisão, através de uma sociedade num restaurante na Gávea. Aparecia volta e meia em colunas sociais e trabalhava nos bastidores. Em geral cobrava dívidas relativas a jogo ou tráfico de drogas, mas já tivera que matar amantes de altas esposas ou digníssimas filhas. Era judeu, possuía olhos verdes e andar sereno. Tinha o sorriso farto e considerava-se um falso magro. Seu sonho era ser estrela, tocava guitarra e tentara a sorte em meia dúzia de bandas, que não aconteceram, ou ao menos não aconteceram com seus riffs. Sabia ser silencioso e discreto e atirava bem. Há pouco mais de um ano, endividado por causa da sociedade no restaurante, acabou por mergulhar fundo na cocaína e endividar-se mais. Havia de escolher entre prestar serviços ao traficante ou prestar contas com o Criador, e, desde então, saiu da cocaína e entrou no crime. Estava preso à sina de matador faziam já seis meses, procurava saber o menos possível de seus patrões e dos serviços que executava na esperança de ter sua dívida finalmente perdoada. Nunca sentiu prazer algum ao dar cabo de qualquer infeliz, mas agora também já não sentia remorsos. Percebeu que a mulher que o contratara daquela vez havia entrado no bar e dirigia-se à mesa de seu anônimo. Seios de filme americano, porte de cinema europeu, sentou-se de frente para o sujeito ante a curiosidade de metade do bar. Conversaram em tom baixo de voz, sem maiores elfúlvios, não se tocaram até o último copo de chope que o sujeito tomou após terminar o feijão amigo. Mal se olhavam nos olhos. Quase indiferentes. Carlos a fitava com mais incidência alguns instantes para que ela lhe mandasse um sinal qualquer sobre a execução do serviço – a princípio, aqueles seriam os últimos momentos da vida daquele anônimo. Ela nada dizia,continuava impassível e o ignorava. O homem levantou-se e dirigiu ao banheiro, Carlos a interrogava com os olhos e ela nada dizia. Ele não faria o serviço naquele bar, não num ambiente onde havia passado as últimas duas horas entre garçons e o barman que certamente lembrariam de seu rosto de ascendência judaica, de seu casaco de couro imaculado e de seus cigarros esgotados. O homem retornou do lavabo e pediu a conta. Pagou em dinheiro e saiu, junto com a mulher, ambos mantendo o silêncio e o mistério de seu encontro. Carlos esperou breves instantes e os seguiu. Na mesa deles, notou um bilhete propositalmente esquecido onde lia-se “Siga-nos”. Então ela mesma encarregou-se de emboscar o sujeito, melhor assim. Partiram no mesmo carro, o dele. Carlos alcançou o seu e partiu atrás, conservando uma certa distância e a luz baixa. Dirigiram-se para o Alto Leblon, e Carlos concluiu que a mulher era uma das amantes de seu homem. Odiava crimes passionais, não suportava a idéia de que alguém complicasse a própria vida por conta de uma pessoa que não correspondia aos seus anseios. Parecia estupidez. Mas pagavam um bom preço pelo amor mal-correspondido. O carro da frente parou e o homem saltou e deu a volta para abrir a porta para a mulher. Carlos encostou discretamente e engatilhou a arma, dois tiros no peito. Ela saltou, e então ele saltou também. Enquanto caminhava em direção a ambos percebeu o casal agora discutia. Ela deu as costas e entrou em casa, uma casa imensa e cercada por um muro enorme, a rua voltou ao silêncio habitual daquela hora da madrugada. Chovia menos, o homem encontou-se no carro e percebeu Carlos já próximo. Carlos sacou a arma e já ia atirar, mas não resistiu: - Qual seu nome, infeliz? - P-Pedro... – o homem gaguejou, sem entender nada senão a morte iminente e inexplicada. - Sabia que Pedro negou Jesus por três vezes? Está na Bíblia. Já a leu, por acaso? Se fosse perguntado, não saberia responder porque pronunciou tais palavras. Não era católico, nem judeu praticante, era apenas Carlos, um garoto que gostava de Stones e queria tocar guitarra. Não tolerava a violência e odiava matar. Como havia chegado até ali, a ponto de matar Pedro, que estava quase petrificado de medo ante a Beretta apontada para seu peito? Obviamente, nada disso passou pela sua cabeça enquanto esperava pela resposta de Pedro. - Nunca li a Bíblia... nunca li a Bíblia. - Que pena. Era um belo livro. Ao menos sabe por que vai morrer? - Abaixe esta merda aí, e vamos conversar, por favor. Tenho certeza que tudo isto aqui não passa de um grande erro, pelamordedeus. Pedro tremia e tentava ser absorvido pelo carro às suas costas, dissolvido na chuva, abduzido pelo chão. Carlos sentia-se covarde o torturando daquela maneira, mas algo o impedia de puxar o gatilho, talvez a curiosidade. Simplesmente também não sabia porque mataria Pedro. Pedro gritou “Anita!”, certamente chamando pela amante, desesperado e traído. - Foi ela quem me contratou. Esta é a verdade, ela te deseja morto. - Isto não é justo. Ela sempre soube que eu não a amava. E ela tem outro, eu sei, eu vi. Carlos abaixou a arma. Desistiu de matá-lo, subitamente. Deu-se conta que não era assassino, não podia continuar aquilo, matar um homem porque envolveu-se com a mulher errada – e qualquer homem envolveria-se com os seios de Anita. Eram quase quatro horas da manhã e sua menina o aguardava dormindo em sua cama. Os dois ficaram observando-se silenciosos. Pedro nada tinha a ver com sua dívida, nada tinha a ver com a sua vida. Estava se tornando um assassino, estava se tornando um deles. Disse a Pedro que não iria matá-lo, não podia e não queria. E não era certo. Mas duas balas atingiram o coração do homem mesmo assim. Anita presenciara toda a cena por trás do portão de casa. Diante da hesitação de Carlos, ela mesma sacou sua arma e matou o homem, à queima-roupa. E agora olhava Carlos nos olhos, vitoriosa. - Você deveria ter senso de oportunidade, rapaz. Se tivesse o matado, estaria com dez mil reais em conta agora. Vocês, homens, são todos uns fracos. - Não sou assassino. Nem sei porque ele morreu. - Ele não soube me amar. Péssima resposta. Carlos não acreditava que tanta segurança pudesse apenas ser disfarce para uma menina mimada. Disparou dois tiros sim, mas no coração dela. Detestava crimes passionais e não suportava gente que matava por prazer. Anita era tudo o que de pior poderia haver numa mulher. Fugiu dali, sentindo-se livre. Ainda tinha a Beretta, era uma bela arma e poderia valer um bom dinheiro. Levou consigo a bolsa de Anita, onde estavam o restante de seus cinco mil reais pelo serviço não cumprido. Recompraria a sua liberdade. Fugiria para bem longe. Ainda tinha a sua música e sua guitarra. E a sua menina, dormindo em sua cama, esperando pelo seu amanhecer. segunda-feira, novembro 11, 2002
domingo, novembro 10, 2002
Sim, eu leio o caderno Mais!, da Falha. Esse poema saiu na edição de hoje (ontem). É de Ruy Proença, de quem nunca ouvi falar. A Invisível Cicatriz nascer é ser novinho em folha e já deixar cicatriz viver é cobrir os outros de cicatrizes e ser coberto mas nem tudo são cicatrizes algumas incisões definitivamente não se fecham por isso aliás morremos |