Gustavo & Thais

sábado, agosto 10, 2002
 
Nada parecia tão estranho agora, vendo aquele joguinho de tênis na TV. Um jogo chato como o tênis, mas perfeitamente compreensível. E pelo menos a janta estava boa. Strogonoff com arroz e batatinhas, forrado com queijo cheddar derretido. Já não se sentia tão intruso, um feio no reino dos chiques & bonitos. Podia se sentir bem em casa, podia ser um pouco menos falante, menos rápido e menos rasteiro. Podia ser e isso bastaria.
E Leandro era um nome bonito. Gostava da sonoridade, tinha uma certa dignidade. Pouca gente prestava atenção nesses pequenos detalhes. Ele mesmo mal se ligava nisso, mas uma menina na festa disse que seu nome era bonito e desde então isso ficou roendo nos pensamentos dele. A festa na casa dos chiques & bonitos, regada. Cheira essa parada aqui, Lê, é da boa, tu vai pirar, maluco. Woooaaaa!! Pára o mundo que eu quero descer!! Tudo ficou tão engraçado que ele só queria chorar escondido num canto, se sentindo feio e lamentando seu nome bonito. Bateu direto, sua rotação subiu a mil por hora, era Alice no país da subversão pós-adolescente. E aquele vento frio vindo da paisagem de cartão-postal decorando a sala onde seus amigos bebiam, fumavam, cheiravam, conversavam e namoravam como seres de civilizados. Alguns dormiam nos sofás, outros quase fodiam na varanda. Tudo normal, menos Leandro, observando o próprio reflexo na água da privada entre pedaços da janta. Merda de festa, merda de gente doida, merda de cocaína. E tudo aquilo estava tão bom que ele queria o dobro.
Desligou a televisão, o tênis lhe dava sono. Preferia corridas de carro ou pornografia soft-core. Foi lavar sua louça, e ia pensando no que faria no resto de seu final de semana. Sem pó, sem gritaria, sem ficar doido. Apenas Leandro. Talvez terminar de ler o livro, talvez combinar uma peladinha domingo de tarde, talvez cineminha com a Maria Rita. Cineminha com a Maria Rita parecia uma opção bem plausível, os dois também se gostavam quando estavam sóbrios.
Maria Rita percebeu seus olhos transmorfos e perguntou se estava numa boa. Mas não esperou a resposta para oferecer uma garrafa cheinha de tequila. Ai, a tequila, o calcanhar de aquiles deles. Nunca terminava bem com tequila no meio da equação. Nunca. E Leandro já foi logo virando pelo gargalo, a goles largos e densos. Seus amigos aplaudiam. Os olhos de Leandro já estavam longe, agora ele iria botar pra fudê. Chegara a hora da desmemória, eles iriam fazer tudo aquilo que não seria lembrança no dia seguinte. Pecados capitais dançando pela sala, cheirando a transgressão. Maria Rita o empurrou de volta pro banheiro, Leandro matava a tequila e era transportado pro inferno pela boca de Maria Rita. Seus amigos não faziam por menos. Torquemada nem em pesadelos se assustaria tanto. Do outro lado da rua, a polícia passava em revista os carros que circulavam pela noite.
Achou por bem se deitar. Esava dormindo pouco havia algumas semanas, o trabalho e o término da faculdade não estvam sendo fáceis. Mas conseguia se virar bem. E Maria Rita lhe ligava diariamente, aliviava a rotina com um pouquinho de romantismo. Nada de sacanagens, ela era a garota dele. Eram um casal normal, se amavam como se tivessem nascido para isso: o amor. Gostavam de ficar em silêncio, se observando. Maria Rita gostava de lhe escrever versos. E tudo ficava perfeito então. Como os carinhos de Maria Rita no silêncio do domingo.
A filial do inferno continuava prosperando. A civilidade havia sido deixada para antes das onze da noite. Sejamos nosferatus em nome da diversão. Metade da festa se imaginava em terras de Äsgard, celebrando a última conquista. Quando somos jovens, nada mais importa senão a juventude. O resto é velhice. Leandro ninava Maria Rita que acabara se sentindo mal após tanta luxúria. Fígados iam sendo desintegrados pela madrugada, mas eram fígados jovens, chiques & bonitos. Teriam um bom futuro. Os fígados de Leandro e Maria Rita estariam a salvo pelo amor. Ao fim, cansariam todos e o sol finalmente tomaria coragem para iluminar aquele cenário. Pouquíssimos dormiram nalguma cama ou encontraram os sofás pelo caminho, preferindo se agrupar pelo chão da sala, entre latinhas, garrafas vazias, restos de comida e excreções humanas, baganas de cigarro e algum carinho. Dormiram feito anjos caídos. Leandro dormira ao pé de Maria Rita, sentindo o corpo rodar.
E agora Leandro estranhava aquela calma, sua existência apenas, algo tão normal. E dormiu.

 
Rio Sul 2002/Rio Sul 2000
Não poderia deixar de mencionar a cena que vi no Rio Sul quinta-feira. Minha ex-companheira de torta de limào e outras porcarias gulosas, agora futura global, caminhava com uma nunca companheira minha. Nos mesmos termos em que fazíamos após a Ecargh, há quase dois anos atrás, naquela época estranha da minha vida.
Pensei no outro dia como a faculdade foi uma puta época de revelações sobre as pessoas, sobre a sociedade em que vivo. Tive experiências incríveis lá, sob o ponto de vista positivo e negativo. Todas foram válidas. E todas super intensas. Elas me fizeram escrever bastante nestes anos, ouvir muita música antes e depois das aulas, me divertir e me decepcionar. Infelizmente o saldo da decepção foi maior, porque quase nada se solidificou após estes anos. Mas valeu tudo a pena. Foi Super Interessante.

 
Vidas Etílicas, por MiM
Ontem tomei meu quarto porre. Gostaria de estar em outro lugar, porque fico na dúvida quanto a reação dos meus colegas de Ecargh. Em relação aos outros três, não foi nem mais tranqüilo nem pior. Pela primeira vez não foi de cerveja. Foi de uma boa vodka. A parte realmente ruim foi a interrupção do papo que eu estava tendo com companheiras diferentes de Ecargh, Marina, Raquel, Carla e as namoradas do Bruno e Tiago, Simone e Letícia, respectivamente. Mas enfim, foi uma boa noite.
Godinho mais uma vez se revelou uma pessoa paciente e companheira. Está se apresentando com qualidades que eu sempre prezei nos amigos que são verdadeiros.
Anyway, gosto destes encontros fora da Ecargh com a minha turma.
Meu estado de lucidez quando estou alterada com álcool é super estranho. Porque é absolutamente igual ao meu estado normal. O que me altera é um certo senso de equilíbrio físico, não cambaleante, nem tonto. A cabeça continua operando com a lucidez que mostra: "eu estou alterada, eu estou aqui conversando, sei sobre o que estou conversando. Não posso dirigir, troco algumas palavras, sei onde estou, para onde vou, que tipo de conversa é essa que estou tendo, quem sào as pessoas com quem estou falando". Resumo da ópera, nunca se processa nenhum tipo de mudança mental em mim. Sei como cheguei, que horas passei mal, me lembro de trocar de roupa, de entrar no carro, de ajudar a juntar as latas e tudo mais.

quinta-feira, agosto 08, 2002
 
VIDAS ETÍLICAS 2ª Dentição

Ainda interessado em saber normas internas e comportamentos gerais de um pinguço? Vou dar umas dicas do ébrio social, aquele que vive tomando porres em festas & eventos. Se você se identificar com pelo menos 3 das dicas, beba menos e viva mais.

- Você não se recorda de como foi parar no local em que acordou (mesmo que seja a sua cama) após as suas últimas 15 saídas noturnas.
- Acordar te traz surpresas no lençol.
- Você usa latinhas de Skol como indexador monetário.
- Seus amigos não encontram você caso não haja um garçom por perto.
- Você achou graça de "Despedida em Las Vegas".
- Você se identificou com "Medo e Delírio em Las Vegas".
- Suas próximas férias serão em Las Vegas.
- Você faz dieta e não emagrece.
- Há sempre um pacote de Halls preta perto de você.
- Quando você pede uma Coca seus amigos te olham torto.


 
Quando a rotina te chapa, comece a procurar uma canção pra te deixar lúcido de novo. Ando muito desligado, muito em parafusos, lerdo e sujo, comendo mal, quase não dormindo e mesmo assim engordando. Virando um burguesão, uma matrona. Bebendo sem prazer, vivendo por burocracia, sorrindo pra não dar trabalho pros outros. Dependendo das minhas próprias piadas internas pra achar alguma risada dentro de mim. Acho que preciso de música, bem alta, bem distorcida, bem gritada. Pra me acordar da rotina.
Leandro, você está vivo! Abro os olhos assustado e não sei bem onde estou. Mas ontem eu estava meio de porre, o que estou fazendo aqui? (Maiores detalhes em VIDAS ETÍLICAS, segunda dentição, hehehe) E essa luz na minha cara, cadê a menina que me prometeu ensinar o nome das estrelas antes de virar a tequila? Quando o sol te enche de luz, ele machuca a sua visão. Não se aproveita a energia do sol olhando-se pra ele, mas pra onde ele reflete. Talvez isso queira dizer algo de bom, se alguém descobrir me avise (godymail@bol.com.br).
Viver envelhecendo. É assim que estou, envelhecendo, irremediavelmente. Daqui a pouco passo a aceitar a existência do Ivan Lins, e aí, minas, fudeu. Estou caquético, podrito, gagá. Direi ao meu irmão caçula: "Esta merda não é música, é barulho." Tsc, tsc. Está bem escrito num encarte dum CD do Jimi, deve ser o Axis, we shall not grow old. Nós não deveríamos envelhecer. Nem o Jimi. Nem eu. Nem você. Amadurecer aos poucos, ficar velhos, jamais. Talvez uma bela sessão de Jon Spencer pra tirar esse mofo que vai se acumulando ante as minhas narinas. Pular a noite inteira e dublar guitarras no banho, se sentir o máximo. Me sentir fodão. Fazer a vida, girar a roda, sursurrar obscenidades para desconhecidos, desejar o próximo e a mulher do próximo. E desejar a próxima.
Ficar cansado, amanhecer num susto, em locais improváveis, com companhias improváveis, e não desistir da vida. Não desistir da vida nunca, nem que ela seja uma merda. É uma merda minha, faço o que bem entender com ela. Posso fazer minhas próprias merdas.
E, talvez, criar minhas próprias músicas.


terça-feira, agosto 06, 2002
 
Para Sair da Tormenta ou Para Sair deste Blog
Várias receitas, mas acho que aida não apliquei ou não fui bem sucedida em nenhuma. Então, vamos a umas ajudinhas práticas: o blog de um dos meus ilustríssimos colegas de Ecargh, Figurinha. Lá, observações prosaicas e interessantes sobre o cotidiano da menina Tatiana.
Outra ajudinha: risadinhas no último semestre da Ecargh. Os meninos da minha turma são aquela distância, mas me divirto diariamente. Simples, simples.

segunda-feira, agosto 05, 2002
 
Fiona Apple

A primeira vez que vi Fiona foi num domingo, daqueles bem domingões mesmo. Eu, inútil, morrinhava em frente à TV e de repente a imagem dela surgiu, rebolando, seduzindo, quase chorando. Eu acordei. Acordei pra vida em segundos, ela era linda, tristemente linda, cortava a minha alma em frangalhos de tão linda e triste que era. E a música era "Angel", do Jimi. Linda e cantando Jimi duma forma magistral. E parecia só uma menina.
Fiquei alguns dias com a imagem dela na cabeça e os sons ressoando no ouvido. E os sons eram muito bons, acho que era um desses acústicos pra MTV. Comecei a procurar pelo disco dela, nem que fosse pelas fotos que teriam no encarte, mas eu precisava tirar a prova dos nove com aquela guria. Acabei achando o "When the pawn", que já devia ter um mês de lançado naquela época. Ela sorri na capa (belíssima), mas não é um sorriso de todo alegre. Há um quê de melancolia ali. E o disco é fabuloso.
Recheado de pianos, o clima é meio de fim de romance, ela se entrega em letras que falam de abandonos, fracassos e decepções. Em "Love ridden", apenas voz, piano e você tentando não chorar, porque ela mesmo está tentando ser forte e a partir daí, only kisses in the cheek from now on and in a little while, we'll only have to wave. E ela segue encantando, linda que só ela. O disco é de uma tristeza só, mas a cada audição eu pinto um sorriso na cara.
Depois de uma semana ouvindo cheguei a conclusão de que estava apaixonado por Fiona. Eu precisava dela pra mim, precisava voz e da melancolia dela em minha vida. E, meu Deus, ela era linda. Eu quero casar com Fiona, de papel passado, com bolo e festa cafona. Com foto em P&B e juras de amor eterno. Com ela me cantando ao piano "I've got you under my skin" e a gente amando desesperadamente sobre o piano horas mais tarde.
Fiona, sim, é mulher pra casar.


domingo, agosto 04, 2002
 
Trancrição de 30p/01/08/97, ao som de Face it (Moby), Heroes (Bowie) e Live Forever e Slide Away (Oasis)

I don't want to get up
I''l go to work and i'll say no
There'll be new plans growing in the gardens
While the the world's waking to th new breathe of day
Every moment's the break of day
And i'm sick in front of thhis ordinary light
My mind's dizzy n' my body aches
Just like the two bloody operas i heard today
That always cut my small sky
And try to wake me from the big sleep i've never had
The sleep's like a clown
A character you just understand later
All that make up, becoming different everyday
Like every king of sleeps you can have
You can paint a tear on your face in a rising day
Or put a wrong smile running through your vain

London calling again
But now my youth's going away
My childhood forgot about my pain
And put me where i am now
Tomorrow there will be babies in black
A dark, not elegant black
And some observers in blue
Melodic and emotional classical music
In the cerimony of a piece of feeling
Just shown in sour times
After the lost of my control
Inside the robber of my time
I don't know what's going to come
'cause all the doors lead me to the same ways


Trancrição de 05/08/97

I've been passin' years of my youth dreamin' about wealthy
W/ big white houses full of gold, music n' love
W/ a Queen and a King starring a nice, pretty nice film
A crowd of people in stadiums screamin'for a real fulfilling
In their own special ways
Any kind of freedom to the citzens of the big kingdom
High on a mountain or in the middle of the oceans
The Queen shares the crown with performers, songwriters, leaders n' other beautiful ladies
Only found in painful moments
When love has to be desperately shared to give some comfort
Everything can become a green backyard
Full of roses and a realistc opera painting the scene
It's easier to bring up some children in those moments
If you don't miss the train
Or lose the height n' your brain in one of thse days

I'm sharing my kingdom 'cause it's better to me
Sunday i woke up w/ some real flowers n' guns in my side
Penetrating intro my ordinary hard night
I've been weeping because of distant shores, n'car crashes waitin' to happen
And all the stuff keeps on comin' through musical waves in the air
I close my eyes, but my characters can see very well
I close my ears, but actually i'm just packin' my next setences
So i keep on turning me inside out
In every weekend's morning
All the kids shakin' together and the Queens n' Kings
Play in the soft days of our existence
Try to save their people from the dark light


 
VIDAS ETÍLICAS 1ª Dentição

Pensam que viver caindo pelos cantos é moleza? Pensam que é uma vida desregrada à base de diversão e piadas sem-graça? A vida do Orestes não é pra qualquer mané que toma uns goles de Cintra e acha que está bebendo cerveja, não. É uma vida cercada de privações, onde o dinheiro se esvai goela abaixo e seus amigos nem sempre irão te compreender.
Acordar em lugares e situações inesperadas vira uma rotina. Acordar e verificar seus bolsos, sempre naquele clima de tensão pra saber se ainda há algum pra voltar pra casa. Saber das merdas que você cometeu pela boca de terceiros, dois meses depois. Não se lembrar de ter jurado amor eterno pra sobrinha do seu chefe.
De hoje em dinate, passarei a compartilhar essas experiências embargadas com vocês. Mas agora deixem eu ir almoçar, não é sempre que meu sistema digestivo me dá essa folga depois de ter aturado pacientemente meus excessos.
I'll be back.

 
Suco de laranja em caixinha e a Cássia Eller mandando ver The Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band. Difícil imaginar uma ressaca mais gostosa, e eu adoro beber as coisas pelo gargalo, especialmente suco de laranja na caixa. Sem conservantes, sem aditivos, isso eu deixei pra ontem de noite, no Alto Leblão, com música alta, cerveja gelada, vinho tinto e whiskey on the rocks. E eu com cara imigrante paquistanês no meio dos ingleses - ingleses não, bretões. E adoro a voz da Cássia, o espírito que emana da voz da Cássia, um lance tipicamente roquenrou, que nem implicar com gente mala. Implicar pela implicância, pelo puro prazer de ouvir a mala te mandar tomar no roskóff. Sou minha, só minha, e não de quem quiser. É mais ou menos essa a idéia, não dever nada a ninguém.
Algumas músicas que a Cássia colocou a voz marcaram a minha vida (é, eu choro com música). E o mais grave é que eu ligo as músicas às pessoas que conheço. A música da Marymary, minha tudo de bom, é "She talks to angels". Eu ando me identificando muito e cada vez mais com "Todo amor que houver nessa vida", mas meu sonho é cantar "Money" ou "Quase um alcoólatra" com o lendário Carlos Jaimovich na guitarra. All the good things in life are free, you can give them to birds and bees. I need the money. Quando a Cássia morreu, foi horroroso. Eu me senti traído por Deus. Tanta gente merda matando o roquenrou e cheirando todas e me morre logo a Cássia? Você liga a televisão e o ridículo do Dinho Ouro Preto ainda está vivo. Por que não morre uma daquelas VJs descartáveis da MTV? Eu precisei da minha mãe me ligar, de ligar pra Marymary (e ambos sem palavras, precisando um do silêncio do outro via celular) e de muita cerveja pra aceitar a notícia. Sentar numa calçada vazia de Arraial do Cabo e ficar triste, porque não dava pra ficar alegre. Esquecer aquela festa com um monte de amigos muito queridos do outro lado do muro porque eu não tinha o direito de espalhar minha tristeza no meio de tanta alegria. E morrer um pouquinho junto com ela. E depois tentar seguir em frente, como se a vida continuasse a mesma.
Então, eu tenho essas coisas estranhas incutidas em mim. As músicas são quase reflexos dos meus entes queridos, é quase impossível eu ouvir música sem me emocionar de alguma forma. Assim como a minha literatura barata quase nunca é um bicho inocente. Ela sempre está tentando dizer algo pra alguém, antes de mais nada. Esse post mesmo não é gratuito, não estou aqui matando tempo, estou mandando uma mensagem. E toda a vez que eu escuto a Cássia eu lembro do dia que ela morreu, da minha mãe me ligando tristíssima do Rio, do silêncio da Mary do outro lado da linha, de 3 ou 4 amigos tentando me botar pra cima.
É foda, caro leitor, esse blog é mantido por 4 mãos que precisam de carinho. Na falta de carinho, elas se entorpecem pra escrever.
É foda.

 
Salvei o Sábado
Grande noite regada a Valpolicella, Queen e Elton John. Foi melhor mesmo vir pra casa. Melhor do que rir tomando cerveja. Fiz diversões que só eu posso fazer, a esta hora, com as minhas músicas e sozinha.

 
Trancrição de 05p/06/03/97

There is something happenin'
Not jus a big empty
Filled by apathy
Thing workin'
So different ways n' meanings messin' everythin' up
Healin' the pain
Avoidin' the hurts
Happenin', again and again n' don't worry 'bout refrain it
Or how it gets on me
Lettin' me see too much
A crowd of words n' notes
In a constant cycle
Permanet presences that let their consequences
Changin' the eyes
Makin' them cry
Or refresh the heart
W/ all sort os strange feelings
Even the bad ones
Second plane
Reflectin' the whole scene
How can it be?
Givin' love n' becomin' it pain n' turnin' into love one more time
Hittin' n' heatin' n ' freezin' n ' warmin' again

A portrait of madness
Expressed in right weird lines
Questioned by smart people
Brillant mibnds
And the ones who never meet themselves
And disagree and keep on fucking on their own ways
Our separated ways
Uncrossed time w/ frutrating situations
Some time (13), some hours in another time
Made it alive
Made me live, die n' cry
Unkown fates
Unreal true situations
Pictures in the most beautiful way as possible
It's my baby to who i put the most perfect song until he finds his own peace of mind
All the songs i want
All the songs i want to calm my aghony
And to put my feet on the floor sometimes
The sound that fill the empty white room
And also helps to create the picture of peace
Dancin' w/ the soft voices of the white sheet
Any song to spare me from the silent of those sheets
Or to tame my pain when i've got to face it
My pictures to comfort me about some rude n' hard screams
Real scream or just unreal
Our baby's screamin' 'cause of us
Me, you, and him
Don't let our wounded faces beat him
Get together and meet our uncrossed time to heal the wounds
And forget about the time
Say like the piano player
Keep needin' our pictures of this pretty moment
Our crazy pale eyes are searchin' for themselves
For a lapse of comprehension between at least two minds
At least to comfort each other
And warm them w/ this central meeting
I need the white peace
Floatin' on by
To be touched without any restriction or guilt
Far away from evil's eye
Only four eyes n' two lights n' one being
In the hardest despair
W/ the loudest scream
Tears coverin' the whole place without comfort in their souls throwed in the tricky world
Manipulated by people n' the unkown power
I've seen three beings n' other times two
Settin' free the conscience claimed by the darkness of my normal days
People who are always comin', stucked there
Introducin' themselves, all my visions
So they're one
Time has done it, also the power
It has made me walk through you
It has given my accidents, car crashes waiting to happen
Things i can touch
Are so rare in this reaction world
That fucks me everyday
Don't let me taste those unreal things i maybe could touch
Do it one, teo, three, four, five, how many more times?
I wanna be dumb n'blind for the vacuum
Or get down forever in my own sweet false hole
Only my music can give you back to me
Put you here
Pray n'ask for it doesn't take me anywhere
I'm quittin' baby
'cause i'm frightened
All those voices n'criticizes just stifffle our melody
And show me the time, the power n 'the people
I'm trapped here
Not in the past, but in the present that hurts me all the time
I don't go far away 'cause i'm in a lost way for so long
The lights turnin' down, the lines fallin' down
Is this the time, the power, the fate?
Her reality, my scared reality
It's good, don't be afraid Martha
Our tired brain fightin' against a restless eletric small movement, the only that lasts
Miles, fields, sea, people n'people and you've been here since a naive moday mornin'
Always repetin' those movements that represent my aghony to get out of here
I wanna leave our screamin' n ' wounded hearts floatin' in the air
Closin' our eyes, openin' our minds, touchin' our souls
In a beatiful dark place or in a peaceful escaping beach
I wanna see them like those flowers on the water
Startin' to make things clearer forever
Givin' me an opportunity to live here a part of this heaven
A small part only, please. Give me the pillow to keep your comfort




 
Transcrição de 21/9/96 - 11:28 pm
Foi muito bom ver o filme hoje. Eu não tô mal. Deu uma sensação legal. Tô agora ouvindo A-há. Foda é ainda Ter que aturar PESSOAS. Eu não achei ainda as minhas pessoas e isso é uma merda. A última vez que eu as achei foi de 91 p/trás. Era tudo bastante homogêneo. Nos tempoas do A-HA, Information, Earasure. Era tudo muito bom.
O tempo agora só passa. Não existe + aquela sensação de ser o centro do mundo, ser importante. Agora, chega uma parte da nossa vida que nós somos só mais um. Por mais que a sua vida sja muito foda, você será mais um. Só se você for muito famoso. Esse é o legal do filme. Talvez seja um pouco de mim. Não que a a minha esteja sendo foda. Tá sendo foda é de aturar. Mas mesmo c/ tudo isso eu sei que é bem diferente e não vai acontecer nada. Ninguém nunca vai sabe tudo que aconteceu, contar em livro ou em filme. Não tem nada mais descartável do que ouvir A-HÁ ou Guns ou Information, mas tudo isso é parte da minha vida. E ela é foda; mesmo que seja em um mau sentido ela é foda. E esse tipo de coisa que nuca vai ser divulgado. As pessoas vão continuar adorando a vida banal que elas têm, a vida igual que elas têm. Achando tudo ótimo.
Amar é se sentir único. Chorar é se sentir único. Ouvir boa música é se sentir
único. Se emocionar com uma música é se sentir único. Mas tudo isso é vendido comercialmente na vida cotidiana das pessoas. Romances de novela, "fiquei", "beijei", "dei", "comi", "chorei porque a gente brigou", "pô, fiquei malzão", "maneira aquela música, né?". Tudo comerciado, tudo vendido. As pessoas não sse sentem únicas, não sentem as coisas na essência porque tá tudo banalizado aí fora. Saudade dói muito. Mas não só de alguém, de um namorado ou namorada. As pessoas dão pouco valor ao que vivem, às emoçòes que sentem que não sentem saudade de um período da vida. Não sentem como é difícil se transformar. De crescer. De ver que tá tudo mudando sem volta. Que o tempo não volta nunca mais. Elas simplesmente vão vivendo. Pior é que se acham únicas com uma porra de vida dessas.
Eu vivo intensamente e eles não. Não sabem o que é vida. Me dão nojo porque acham que sabem. Não sabem porra nenhuma.
Não tem nada melhor do que gostar de alguma coisa. Já que agora não tem ninguém, não tem nada melhor que gostar, mas gostar muito, amar uma música, sentir muito lá dentro a música. Se descaralhar é muito menor que tudo isso. É pra quem não tem capacidade suficiente para ser alguém. Se descaralhar é produtico, apesar de tudo. Eu que o diga.
Manhathan Skyline. É. Já deve Ter uns seis anos e a mesma música tá aqui.
Wave goodbye.
Cara, eu gosto muito de você. Com certeza.

A-HA.


 
Monólogo interno ao sair da faculdade ou Monólogo externo às 01: 40 da madrugada:
Foi ótimo ter conhecido vocês, me diverti bastante, mas vocês não passaram no meu controle de qualidade.
E não adianta vir com essa hipocrisia de: "Mas por que não manter mais contato?" Nossa, como vocês podem vir com essa falsidade, quando fingem que não sabem que nào me deram nada de efetivamente bom. Só aporrinhação, frustração e um total vazio de coisas positivas em quatro anos de convivência?

 
If i could only reach you
If i could make you smile
if i could only reach you
That would really be a breakthrough

Nenhum significado. Só acho foda o Freddie cantando isso no refrão de Breakthrough.

 
Gustavo e Thaís deu sorte, amiguinho!
Os arquivos voltaram...
Não vamos mudar o nome!!
HA ha ha ha ha

 
Vinho e Godinho são tudo

 
It's The Terror Of Knowing What this World is About

Love dares you to change your way of caring about
This is our last dance
O pior já passou. Já estou longe do período entre 19 e 22hs. Aqui, em casa, tudo bem. Realmente estou fazendo o que quero. Não exatamente o melhor do mundo, mas um taça de vinho e Freddy Mercury ao meu lado podem ser melhores do que ler livro de faculdadel. E por que não podem sser melhores do que estar na rua? Há seis ou cindo anos, me conformava mais fácil com o fato de ficar em casa. Fazia das minhas noites um delírio próprio. Hoje, chego em casa antes de meia noite como uma adolescente derrotada, atirando mágoas para todos os lados e sobre tudo para dentro da minha vida de fim de semana.
Me preencho de sentimentos ruins sobre uma inferioridade, sobre você estar aproveitando mais que eu, sobre o meu pequeno mundo - não estar mais aproveitando, mas estar mais em paz do que eu. E não tenho mais qualquer senso produtivo. Minhas motivações me cansam, porque nunca as alcanço, são sempre as mesmas. Banais e inalcançáveis.
Música: I want it all and i want it now.
Não passo de uma ambiciosa, de ambições modestíssimas - se ainda fossem maiores... - e inalcançáveis.
Música: people do you hear me? Just give me a little sign.