Gustavo & Thais

sábado, junho 22, 2002
 
Recebi um mail hoje me comunicando a grata notícia de que o A-ha vai tocar no Rio em agosto. Já sabia do show deles no rodeio de Barretos - que coisa deplorável.... E já tinha decidido ir pra lá. É mais um acerto de contas com coisas que não pude fazer há uns anos atrás. Perdi o show deles em 89, e o maravilhoso show do Rock in Rio 2, em 91.
Vai ser estranho. Todas as mudanças do tempo na cara dos três, e ainda o público. Prefiro não falar sobre isso. Mas o show deve ficar vazio. Quem gosta de A-ha ainda hoje em dia? Ah, sim, eu conheço quem goste. The Swing of Things, já ouvi esta música em um momento de êxtase em uma festa que fui, há quase dois anos. Foi a escolha de uma pessoa que gosta, e que sabia que eu gostava. Nada melhor do que compartilhar este tipo de excitação, com uma puta música e um volume alto. Bom momento aquele.
Não vou poder compartilhar este show com esta pessoa. Mas tudo bem. Vai ser um daqueles momentos ultra individuais, e com toda a gama de significados do A-ha na minha vida - por que não??? - não tem como não ser foooda.

 
Estou acabando mais uma noite surpreendentemente tranqüila. Ouvi algumas músicas que gosto, dancei , o que sempre me faz bem. É bom voltar a um lugar, certo tempo depois. As coisas mudaram. Fico menos tempo, não me incomodo tanto, não me incomodam tanto.
Estou pronta para um bom sono - espero - e um sábado de descanso. Já penso no próximo fim de semana, se terá a leveza deste que começa. Espero que sim. Não é bom ficar à espera de um brainstorm o tempo todo. Um brainstorm que pode durar um longo tempo também.

Esse mundo é dos covardes. Dos que não falam nada e fingem o tempo todo.
Sou uma curiosa e inconformada inverterada. Não consigo não me questionar sobre o que se passa na cabeça destas pessoas. Sobre o clichê de deitar a cabeça no travisseiro com a consciência tranqüila.
Nem sempre vou dormir com a consciência tranqüila. Penso em uma forma de resolver minhas merdas. Tento agir. Quando não consigo agir objetivamente, tento por outros meios consertar as merdas que fiz.
Mas, sinceramente, quem abdica do simples fato de tentar... Não sei, não consigo dar um desconto. As pessoas passam como se nada tivesse acontecido. Sou uma criança idiota mesmo. Ainda não me acostumei com algumas falhas incorrigíveis que encontro aí fora. Ou melhor, falhas que não TENTAM ser corrigidas. O velho costume com o que é podre. Como as pessoas aceitam isso com uma facilidade...
Ainda me impressiono com estas coisas. Mas acredito no tempo. Ele vai passar, e vai tirar esta indignação constante do meu pensamento.

sexta-feira, junho 21, 2002
 
Trilogia Suja de Havana é um livrinho bem recomendável para moças e rapazes que já chegaram a um ponto na vida onde não há mais volta senão tomarem uma dose de maturidade e virarem adultos. Adultos padrões, exemplares, com título de eleitor em dia e crádito no SPC. Mesmo que olhem adiante e não encontrem quaisquer perspectivas de uma vida menos ordinária. Além disso, o autor Pedro Juán Gutiérrez não é mais um daqueles defensores de Cuba que só conhecem a Ilha por meio de fotos, discursos do Fidel, camisetas do Rage Against The Machine, bibliografias do Che e afins. Ele não passou dois meses lá fazendo intercâmbio. Ele é cubano há 52 anos e lá vive desde então. Repasso um trechinho da prosa quase poética com cheiro de sexo e excreções várias de Pedro Juan.

"Eu era então um sujeito perseguido pela saudade. Sempre fora, e não sabia como me desligar da saudade e viver tranqüilamente.
Ainda não aprendi. E desconfio que não aprenderei nunca. Pelo menos já sei algo valioso: é impossível me desligar da saudade porque é impossível me desligar da memória. É impossível se desligar daquilo que se amou.
Tudo isso estará sempre junto conosco. Sempre teremos tanto o desejo de refazer o bom da vida como o de esquecer e destruir a lembrança do mau. Apagar as maldades que cometemos, desfazer a recordação das pessoas que nos prejudicaram, remover as tristezas e as épocas de infelicidade.
É totalmente humano, então, ser um um nostálgico, e a única solução é aprender a conviver com a saudade. Talvez, para nossa sorte, a saudade possa transformar-se, de algo depressivo e triste, numa pequena chispa que nos dispare para o novo, para entregar-nos a outro amor, a outra cidade, a outro tempo, que talvez seja melhor ou pior, não importa, mas que será diferente. E isso é o que todos procuramos todo dia: não desperdiçar em solidão a nossa vida, encontrar alguém, nos entregar um pouco, evitar a rotina, desfrutar de nossa fatia de festa."
(Embalado por Soundgarden - Come together, Aimee Mann & Michael Penn - Two of us e Stereophonics - Don't let me down)


 
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A noite passou e foi mais tranqüila do que eu imaginava.
Recebi um telefonema estranho no fim/início do meu dia. Poderia ter significado alguma coisa, mas acho que não foi nada mesmo. Só um ato de egoísmo de quem sente saudades e não está muito sóbrio.
Sonhei que rasguei a gola de uma camisa azul, de futebol. Você tinha outras em sua mochila, uma delas era meio vinho, de botões, de um tipo de que gosto. Depois você assistia com uma turma de Ls, Ds, Hs a uns vídeos, em uma sala semelhante àquelas do CPM.
Em outra parte vi três crianças perto da janela de uma sala do meu ex-reformatório, mais conhecido como Franco Brasileiro. Eram todas mulatas e cada uma menor do que a outra. Menores em idade, mas a característica mais marcante era a o físico mesmo.
Em uma das últimas cenas, uma dela estava imersa em um copo de água normal, e provavelmente tinha o comprimento de um dedo indicador. Estava viva e o copo sobre a minha estante, do quarto.

 
Um grande amigo meu irá viajar pro exterior e ficará lá por uns seis meses. Acho que já estou com saudades dele, de encher a cara com ele, trocar confissões e falar merda. Nada como uma boa amizade.
Nada como uma boa noite de bate papo regado a álcool com um amigo de fé. E nós tivemos várias dessas noites. A lembrança da nossa convivência vai acabar superando uma certa saudade de poder marcar um chopinho com ele, ou algo do gênero.
Eu acho que é isso aí. Desligue esse eletroeletrônico idiota e vá procurar um amigo de verdade. Faça a sua vida valer a pena.

 
Estou aqui conversando longamente com meu amigo Godinho e trocando umas idéias muito satisfatórias sobre a porra da minha faculdade. Ou melhor, do meu período. Decidi parar de ser tão preconceituosa e cheguei a uma conclusão interessante sobre a ECO. Individualmente as pessoas são boas, como conjunto é que nada funciona. O meu período, claro.


quinta-feira, junho 20, 2002
 
Ontem e hoje entreguei a trilha sonora dos dias à Tori Amos. E é impressionante como me faz bem, in spite of everything... Ouvi o To Venus and Back, penúltimo disco dela. Maravilhoso. Vale muitíssimo a pena conhecer. Por toda a sua obra e pelo que ela passa como artista. É de uma sensibilidade extrema que passa milhares de quilômetros longe da pieguice. Raro e impressionante.
Prescious Things é a música que está na minha cabeça. É do primeiro disco, Little Earthquakes
Para quem se interessar (quem?), vale dar uma passada em um site excelente, Here in My Head , feito com muito cuidado, coisa de quem realmente está conectado com a obra do artista.
Ela compôs algumas das melhores melodias deste tempo em que vivo aqui. Agora estou ouvindo o Under the Pink , segundo disco. Nele há Past The Mission, que além de ser mais uma das powerful melodies, tem um clipe maravilhoso, estupidamente feminino. E ainda descobri que o Trent Raznor faz alguns backing vocals em um verso perfeito. Past the mission / I once knew a hot girl



So I ran faster
But it caught me here
Yes my loyalties turned
Like my ankle
In the seventh grade
Running after BILLY
Running after the rain

These precious things
Let them bleed
Let them wash away

These precious things
Let them break their hold over me

He said you're really an ugly girl
But I like the way you play
And I died
But I thanked him

Can you believe that sick sick
holding on to his picture
Dressing up every day
I wanna smash the faces
Of those beautiful BOYS
Those christian boys
So you can make me cum
that doesn't make you JESUS


I remember
Yes in my peach party dress
No one dared
No one cared
To tell me where the pretty girls are
Those demigods
With their NINE-INCH nails
and little fascist panties
tucked inside the
heart of every nice girl


Quero escrever mais sobre isso.

Aqui um pedaço de uma música do Soundgarden que sempre fica na miha cabeça, tanto pela letra, quanto pela porrada melódica que expressa tão bem o estado desta infeliz pessoa que deveria ter fica na cama (I woke the same as any other day you know / I should have stayed in beeeeeeed). Melhor parte da música, aliás. O Chris Cornell, vocalista, grita bastante. É ótimo.
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I woke the same as any other day
Except a voice was in my head
It said seize the day, pull the trigger
Drop the blade, and watch the rolling heads

Words you say never seem
To live up to the ones inside your head
The lives we make never seem
To ever get us anywhere but dead

I woke the same as any other day you know
I should have stayed in bed

I woke the same as any other day you know
I should have stayed in bed

And I learned that I was a liar
Just like you



 
Godinho é o meu companheiro de blog. Começou a escrever ontem. É meu companheiro de alguns pensamentos também. E sempre tenta me passar um bom astral. Hoje a gente vai ver o enfadonho jogo juntos. Na verdade não ligo a mínima. Acho que vai ser interessante por observar a comoção social. Isso é sempre interessante-irritante-divertido. Tenho um prazer sádico em ir a lugares que por vezes me desagradam. Muitas vezes, dependendo da companhia, ou do meu humor interno, consigo me divertir horrores.
É uma questão de ver as coisas sob uma outra perspectiva. Sádica, ácida, e por vezes irritante para outras pessoas, que não vêem a coisa deste jeito. São mais pacientes do que eu.
By the way, acho que não vou conseguir torcer pro Brasil, mesmo. Estava tentando ser mais tolerante, mas que se dane. Inglaterra 2x1 e esse ufanismo de merda que vá logo pro espaço.
Uma ressalva: nada a ver com estes metidinhos que ficam torcindo para países "cool" como a Irlanda - terra do U2, de Joyce, Wilde, etc - ou Inglaterra - Beatles, Stones, London town, Pulp, pubs e blah blah blah in english. Detesto isso. Mas prefiro ver a Inglaterra ou qualquer outro time vencer o Brasil do que aturar esta euforia nas ruas.

 
RECLAMAÇÕES
Então, estou aqui prestes a sair do trabalho - essas coisinhas cotidianas de blogs são mais uma estupidez que faz parte deste estranho meio de... - e morrendo de raiva destes eventos que colocam uma pressão social nas pessoas, como a Copa do Mundo e o carnaval. A atmosfera parece que empurra as pessoas - as quais eu me incluo, óbvio - para que façam algum programa com os outros. Somos todos um bando de fracos que agora só sabem conviver em bandos. Principalmente nestas épocas. Muito irritante.
Daqui a pouco é sexta e começa o infernal-tradicional fim de semana. Nada agradável.

Uma nota: meu colega Jomar criou um blog no mesmo dia que eu, sem saber. Hoje, veio falar comigo, dizendo que havia feito a coisa mais estúpida do mundo. Pensa como eu, e como eu insiste em fazer esta merda de blog.

quarta-feira, junho 19, 2002
 
Nunca acreditei muito em blogs, mas sempre que posso me junto a eles. Sei lá porquê. Talvez porque eu goste de escrever, talvez porque eu não tenha nada a dizer, talvez por carência afetiva. Mas também nunca acreditei na poesia, nunca acreditei na filosofia, nunca acreditei nos meus professores e nunca acreditei em mim, e nunca deixei de ter fé nisso tudo.
E, por mais ridículo que possa parecer, nunca consegui deixar de acreditar no amor. Uma crença cega e vã. Uma dor viciante.

No momento, só acredito em duas coisinhas: o Nirvana é uma banda muito boa e um banho me faria muito bem.

 
Ei, cara pálida, você é realmente como eles?
Não consigo acreditar. É muita semelhança junta. Que coisa... São todos siameses...
E eu aqui, ainda esperando, acreditando, com fé nessa raça de seres humanos.


 
Agora você está na televisão. Como sempre.
Seu partner está aqui, mas finge que não está. É a cumplicidade de estranhos amigos.
A polidez e discrição me matam.

 
Para os dois ou três que sabem da existência deste blog, para colocar o link de comentários é muito complicado. E como vcs são meus amigos, costumam falar comigo também por mail. Então mandem os comentários sobre este ERRO VIRTUAL via mail mesmo. Aproveitem e mandem umas palavras de incentivo pra eu não me sentir uma completa idiota por estar fazendo isso aqui. Pelo menos você, Godinho, o amiguinho...

 
Aqui estou eu de novo naquela empolgação imbecil de quem acabou de criar um blog e não quer fazer nada de mais útil. Durante algum tempo estarei fora de órbita no que diz respeito a informações úteis. Até pensei em outro tema pra minha monografia que não vai ter nada a ver com cultura. Tem que ser algo menos analítico, isto é, que analise menos as pessoas como sociedade, e mais como indivíduos.
Alienação=Ultra individualismo.
Uma boa merda na verdade. Alienação é se deixar chafurdar em um buraco só, em vez de em vários. A comunicação é chafurdar em vários buracos, e fingir ou realmente estar com os radares ligados para outras coisas.
Meu radar, pobre pra cacete, não vai muito longe. E hoje não aponta em muitas direções.
Amanhã, como aconteceu hoje quando dormi no trabalho, vou acordar e ficar três ou cinco segundos sem me lembrar de como me sinto, e por que me sinto assim. Depois cai a ficha.
Hoje nestes três segundos, depois que acordei, até tive vontade de comer o brigadeiro do bistrô (embaixo do meu trabalho). Mas depois me lembrei de tudo, e a vontade passou. Fome zero.

 
Meu colega Luiz deu uma teoria muito boa sobre os blogs. De alguma forma eles devem significar: "não tem porra nenhuma pra fazer". Então, vou utilizar meu tempo durante alguns dias para escrever nesta coisa, em vez de fazer algo mais útil social e culturalmente, como ler um livro, me informar sobre o país e o mundo, me atualizar sobre outras coisas. O blog é uma atualização sobre mim mesma. E alienação sobre o resto.

 
Este blog provavelmente não vai durar muito tempo. Até eu achar alguma coisa melhor pra fazer do que ficar punhetando a cabeça e expressar isso aqui. Tomara que passe logo então mesmo.